Bolo Rei, sonhos e rabanadas: os doces que definem o Natal em Portugal

De rabanadas a sonhos, descobre os doces natalícios que fazem parte da história e das tradições das festas em várias regiões do país.

O Natal em Portugal é uma época mágica, repleta de tradições e sabores únicos que fazem parte integrante da cultura gastronómica do país. Os doces natalícios portugueses são verdadeiros tesouros culinários, transmitidos de geração em geração, e desempenham um papel fundamental nas celebrações festivas.

Estas iguarias da culinária simbolizam a união familiar, a partilha e o espírito festivo que caracteriza esta época do ano. Cada região do país tem as suas especialidades, mas existem alguns doces que são unanimemente adorados e presentes em praticamente todas as mesas portuguesas de norte a sul. Descobre quais são os principais doces de Natal em Portugal.

Quais são os principais doces de Natal?

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Os doces de Natal em Portugal são tão variados quanto deliciosos, cada um com a sua história e significado próprios. Juntamente com os pratos típicos, desde os mais elaborados aos mais simples, todos têm um lugar especial na mesa de Natal portuguesa

Bolo Rei: a coroa da mesa de Natal

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Este bolo em forma de coroa é o bolo de Natal mais tradicional e Portugal. Com a sua massa fofa e dourada, generosamente recheada com frutas cristalizadas e frutos secos, é uma verdadeira obra de arte culinária. 

Antigamente, era tradicional colocar uma fava e um brinde na massa do bolo. O brinde era tipicamente um objeto metálico com diferentes formas, como animais, personagens, e plantas/vegetais. A tradição era que quem apanhasse a fava teria de pagar o Bolo Rei do ano seguinte.

Tradicionalmente servido no Dia de Natal e durante todo o período festivo até ao Dia de Reis (6 de janeiro). A sua origem vem do bolo francês Gâteau des Rois, mais especificamente da versão da receita tradicional do Sul do Loire. Mas muitos os países europeus têm o seu bolo de fruta seca e/ou cristalizada típico de Natal. Os Italianos têm o seu panetone, os Ingleses o “Fruitcake”, e os Espanhóis têm o seu próprio Bolo Rei, mas que é bastante diferente do Português

O Bolo Rainha

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O Bolo Rainha é uma variante do tradicional Bolo Rei, muito popular em Portugal, especialmente durante as festividades de Natal e Ano Novo. A sua principal característica é a ausência das frutas cristalizadas, sendo decorado exclusivamente com frutos secos, como passas, amêndoas, nozes, pinhões e avelãs.

A origem tem raízes na França, onde era tradicionalmente preparado para as celebrações do Dia de Reis. Embora o Bolo Rainha tenha surgido como uma variação mais recente, rapidamente ganhou popularidade em Portugal e hoje faz parte da decoração da mesa de Natal.

Rabanadas

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As rabanadas são um doce tradicional muito popular em Portugal, especialmente durante a época do Natal. A receita é simples, mas cheia de sabor: fatias de pão, geralmente de dois dias, são embebidas em leite ou vinho, passadas por ovos batidos e fritas até ficarem douradas. Depois, são polvilhadas com açúcar e canela, o que as torna irresistíveis. 

Tradicionalmente, fazem parte da ceia de Natal, servidas como sobremesa ou acompanhamento das celebrações da noite de 24 de dezembro.

Filhós

As filhós são um doce tradicionalmente associado ao Natal em Portugal. A receita básica das filhós é simples, utiliza-se ingredientes como farinha, ovos, leite, aguardente e fermento. A massa é amassada e deixada a levedar, geralmente por algumas horas, para alcançar a consistência ideal. Uma das etapas essenciais é fritá-las em óleo quente até que fiquem douradas e crocantes por fora, enquanto permanecem fofas por dentro.

A preparação pode variar de região para região, com algumas famílias adicionando ingredientes como batata-doce ou até mesmo vinho do Porto para dar um toque especial. As filhós são servidas principalmente nas festas de Natal, sendo um dos doces mais queridos durante as celebrações.

Sonhos

Este bolinho frito é leve, fofo e apresenta uma forma esférica, polvilhado com açúcar e canela, o que o torna irresistível para muitos portugueses. A sua massa é feita a partir de ingredientes simples como farinha, manteiga, ovos e casca de limão, sendo preparada de maneira similar à massa choux, a base de outros doces como os éclairs. A diferença em relação a outras massas fritas é que os sonhos, ao serem fritos, adquirem uma textura oca e macia.

Em Portugal, os sonhos se destacam especialmente na região do Minho, onde são considerados uma iguaria natalícia de grande significado. Tradicionalmente, são preparados para a ceia de Natal e servidos junto com outras delícias típicas da quadra.

Azevias e Bolo de Noz

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As azevias são especialmente populares no Alentejo e no Algarve, e têm uma forma característica de meia-lua, frequentemente recheada com um purê doce de grão de bicoabóborabatata-doce ou até feijão. A massa usada para envolvê-las é leve e fina, o que torna o doce crocante por fora, mas macio e saboroso por dentro.

bolo de noz, por sua vez, é um doce mais simples e rústico, mas muito apreciado durante o Natal, especialmente nas regiões do Norte e Centro de Portugal. Este bolo é feito com nozes, um ingrediente típico da época, e é uma sobremesa densa e aromática. As nozes, junto com outros ingredientes como ovos e açúcar, formam uma massa até atingir uma textura húmida e saborosa.

Os doces regionais de Natal

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Além dos doces natalícios mais populares, Portugal esconde uma riqueza de especialidades regionais menos conhecidas, mas igualmente deliciosas. Cada região tem os seus próprios doces tradicionais, que são verdadeiras expressões da identidade local. Estes doces enriquecem a mesa de Natal e, também, contam histórias sobre as tradições, os ingredientes locais e as técnicas culinárias passadas de geração em geração.

Doces do Algarve: os sabores do sul

No Algarve, a época natalícia é marcada por uma série de doces típicos que refletem a rica tradição da região, muitos dos quais têm raízes profundas nas influências árabes e conventuais. Entre os mais populares estão as azevias de batata doce, que se destacam pela combinação de batata doce e amêndoa, resultando em uma mistura doce e saborosa, recheada com um puré de batata doce, gemas, amêndoas, canela e raspa de limão. 

Outro doce são os figos cheios, feitos de figos secos recheados com amêndoas, erva-doce, chocolate, canela e limão. Esses doces eram originalmente preparados para fornecer energia aos pescadores. 

Por fim, o Dom Rodrigo, um doce com fios de ovos, amêndoa, açúcar e canela, também é uma especialidade natalina da região. A sua origem remonta ao Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Lagos, e, ao longo dos anos, passou a ser conhecido por sua apresentação em formas variadas, como pequenos embrulhos decorados com papel colorido.

Doces do Minho: tradições do norte

No Minho, região do norte de Portugal, os doces de Natal têm um papel central nas celebrações da época. Entre os mais tradicionais, destacam-se a aletria e os formigos.

aletria, uma sobremesa feita com massa cozida em leite, açúcar, casca de limão e canela, é outro doce imprescindível. Normalmente polvilhada com canela em pó, é uma das sobremesas mais apreciadas da região. 

Já os formigos (ou mexidos) são um doce mais simples, mas igualmente saboroso. Tradicionalmente preparado com pão duro, o doce é cozido com açúcar, mel, canela e vinho do Porto, podendo ser enriquecido com frutos secos.

Doces da Madeira e Açores: sabores das ilhas

Na Madeira e nos Açores, os doces tradicionais de Natal são essenciais para as celebrações, marcando uma forte ligação com as receitas e ingredientes locais.

Na Madeira, o bolo de mel é o doce mais emblemático. Este bolo, rico e denso, é feito com melaço e especiarias como canela, cravinho e raspa de citrinos, proporcionando um sabor intenso e característico. A tradição manda prepará-lo no início de dezembro, começando as festividades de forma doce. 

Já nos Açores, o cenário é semelhante, com uma forte presença do bolo de Natal, além de outros doces como as favas de chocolate ou as fofas do Faial, que são bolos leves e aromatizados com funcho. Estes doces são típicos não só durante o Natal, mas também em outras festas e ocasiões especiais. 

O significado dos doces na Ceia de Natal

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Durante a ceia de Natal, os doces são servidos com grande destaque, muitas vezes ocupando um lugar central na mesa. É comum ver famílias reunidas em torno de uma mesa repleta de iguarias como o Bolo Rei, as rabanadas, os sonhos e as filhós.

Um aspeto interessante da tradição dos doces natalícios em Portugal é o hábito de oferecer estas iguarias a amigos e vizinhos. Esta prática, profundamente enraizada na cultura portuguesa, fortalece os laços de amizade e comunidade. É comum ver pessoas a trocar pratos de doces caseiros ou caixas de doces tradicionais comprados em pastelarias locais. Este gesto de partilha não só espalha a alegria natalícia, mas também ajuda a manter vivas as tradições culinárias do país.

Retirado do Idealista – Adaptado por Dicas Imobiliárias

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