Os certificados de aforro em papel vão acabar: saiba o que fazer para não perder dinheiro

Tem entre 5 de janeiro de 2026 e 29 de novembro de 2029. Ou seja, tem cerca de cinco anos para tratar do assunto. O Contas-Poupança explica-lhe o que tem de fazer para não ficar a perder.

Os certificados de aforro em papel vão acabar. Até 2029, terá de fazer a mudança dos certificados de aforro de papel para o formato digital, mas este será um desafio, sobretudo, para as pessoas mais idosas ou com problemas de saúde.

Os mais novos já não têm memória do que significam estes pequenos papéis, com o desenho de um dragão sobre o Escudo de Portugal.

Os certificados de aforro foram o “mealheiro” de muitas crianças e famílias nos anos 80 e 90, quando surgiram as primeiras séries A, B e seguintes.

Mas, para além das recordações, há mais uma razão para milhares de famílias ainda guardarem estes certificados em papel: é que rendem juros muito acima da média e têm uma enorme vantagem: são eternos, ao contrário das séries mais recentes, que acabam após 10 ou 15 anos.

Só para ter uma ideia, as séries A e B rendiam, em janeiro de 2025, cerca de 3,5%, e a série C rende atualmente mais de 5% ao ano. E todas com juros compostos. São mesmo de manter.

Adelaide Cruz herdou dos pais certificados da série B. São uma recordação do esforço deles, que continua a crescer com o tempo.

Helena e Adelaide são apenas exemplos dos milhares de portugueses que guardam com muito cuidado estes papéis, que valem muito dinheiro.

Só para ter uma ideia, 50 euros em certificados de aforro subscritos em 1986 (na altura em escudos), valem hoje mais de 500 euros. Dez vezes mais.

Mas porque é que estamos a falar disto? Porque há uma grande mudança: o Governo decidiu que os papéis têm de acabar e tudo tem de passar a ser apenas digital.

Para isso, os aforradores, independentemente da idade ou condição física, têm de ir presencialmente aos Correios entregar o papel e confirmar os dados pessoais.

Se não puder ir presencialmente, é obrigatório designar um procurador com poderes específicos para fazer a mudança. Tem entre 5 de janeiro de 2026 e 29 de novembro de 2029. Ou seja, tem cerca de cinco anos para tratar do assunto.

É muito importante levar isto a sério, porque, se não fizer esta mudança até novembro de 2029, os Certificados especificamente das séries A e B acabam automaticamente e o saldo é transferido para a conta à ordem do titular. E acabam também os juros fantásticos que têm tido ao longo dos anos, sem prazo para acabar.

O objetivo, diz o Ministério das Finanças, é “modernizar e simplificar” a gestão dos títulos de dívida pública e reforçar “as condições de acessibilidade e de proteção dos aforristas”, acabando com o papel, que pode ser roubado ou destruído.

Mas há mais. Ao fazer a mudança, acaba também a figura do movimentador. Isso é preocupante para muitos idosos, como os pais de Helena.

Termino com um alerta importante: apesar de ter até 2029 para passar os certificados em papel para digital, a partir do ano que vem (2026), mesmo que não faça nada, a figura do movimentador vai desaparecer automaticamente nas séries A, B e D.

Depois do dia 5 de janeiro, só pode mexer no dinheiro o titular ou alguém com uma procuração dele. Preveja isso rapidamente, caso os titulares (os seus pais ou avós) já tenham problemas de saúde ou de locomoção.

Há muitas pessoas que podem, no futuro, precisar do dinheiro que têm nos certificados de aforro destas séries e ficar com ele “preso”, por falta desta informação.

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